Uma das maiores ameaças que o planeta enfrenta atualmente é a crise climática. Estima-se que, ao ritmo atual das alterações, nos próximos dez anos se assistirá ao agravamento dos problemas de escassez de água, secas e incêndios, bem como à extinção de várias espécies de plantas e animais.
No Dia Internacional contra as Alterações Climáticas, fizemos uma compilação de mulheres que, de diferentes áreas de ação, estão a contribuir para mitigar o seu impacto e a procurar respostas que nos permitam enfrentá-lo.
Anita Farfan
Anita Farfán fundou a Desafío Ambiente em 2017 com o objetivo de ser um aliado estratégico para a indústria da reciclagem e da construção, sendo uma das poucas mulheres dedicadas a esta indústria. Ao longo dos anos, a Desafío Ambiente conseguiu posicionar-se no mercado através das suas marcas Everwood e AislaPet, que fornecem diferentes soluções com produtos feitos a partir de resíduos plásticos 100% de utilização única para a indústria da construção e do design. Isto permitiu-lhe ser reconhecida em 2019 como uma das 100 Mulheres Líderes do Chile em 2019 e receber diferentes reconhecimentos na indústria da reciclagem, sendo o último a nomeação para os Prémios Nacionais de Inovação Avonni na categoria Cidades Sustentáveis. Este último período do ano está focado na expansão internacional da empresa para os Estados Unidos, Peru e México, instalando seu modelo de economia circular de resíduos plásticos com o objetivo de contribuir para reduzir a poluição ambiental que estes geram em diferentes partes do mundo. A Everwood transforma os resíduos plásticos em madeira plástica, um material de alta qualidade, resistência e durabilidade. Desta forma, plásticos que poderiam levar centenas de anos a desintegrar-se ganham uma nova vida como mobiliário, vasos de flores e caixotes de compostagem, entre muitos outros produtos funcionais. O desenvolvimento da madeira plástica é um compromisso ambiental global para reduzir o abate de árvores e a reutilização de resíduos plásticos.
Barbara Saavedra
Licenciada em Biologia, com um mestrado em Ecologia e um doutoramento em Ecologia e Biologia Evolutiva, é diretora para o Chile da Wildlife Conservation Society desde 2005. Lidera o projeto de conversação Karukinka na Terra do Fogo, um laboratório natural de 300.000 hectares de grande relevância ecológica pela sua biodiversidade. Cerca de 25% da superfície de Karukinka está coberta por turfeiras, um tipo de zona húmida capaz de absorver duas vezes mais carbono do que as florestas, tornando-se assim um ator natural fundamental na mitigação dos impactos das alterações climáticas. Barbara é membro do Conselho Nacional de Inovação desde 2014, liderou o Comité de Gestão da Biodiversidade e do Capital Natural e promove a iniciativa Magallanes e o Laboratório Natural Antártico Chileno. Tem dedicado a sua carreira a promover o conhecimento e a valorização da natureza e da biodiversidade em diferentes espaços públicos, privados, académicos, sociais e outros.
Crédito da foto: Juan Jaeger
Tamara Contador Mejías
Bióloga, académica da Universidade de Magallanes, investigadora principal do Centro Internacional de Estudos sobre Alterações Climáticas Globais e Conservação Biocultural do Cabo Horn, do Instituto Base do Milénio e do Núcleo Invasor do Milénio. O seu foco de interesse reside nos ecossistemas de água doce subantárcticos e antárcticos, centrando-se particularmente nas adaptações dos insectos aquáticos ao aquecimento global. Há 15 anos que monitoriza o Rio Róbalo, que desagua no Canal de Beagle na Ilha Navarino, para estudar as diversas comunidades de insectos que aí vivem. Este trabalho de longo prazo permitiu-lhe detetar alterações na distribuição geográfica de alguns insectos, como a chamada "mosca da cascata", que habita lugares altos da cascata e se encontra na foz do rio, ou a migração do colete amarelo para Puerto Williams, no Cabo Horn. Tamara diz que os insectos são ecotérmicos, ou seja, dependem da temperatura ambiente para sobreviver, pelo que são particularmente sensíveis às alterações da temperatura global.
Crédito da foto: CHIC Communications
Maisa Rojas
Climatologista, física e investigadora de renome internacional, Maisa Rojas é a atual Ministra do Ambiente do Chile, liderando e conduzindo as políticas ambientais do país. Foi recentemente anunciado que a Ministra do Ambiente desempenhará um papel fundamental na COP27, liderando os debates sobre "Perdas e danos", um dos temas mais relevantes da próxima Conferência das Partes das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, a realizar no Egito.
Anteriormente, foi Diretora do Centro de Ciências Climáticas e Resiliência (CR)2 da Universidade do Chile, Coordenadora do Comité Científico para a COP25 do Ministério da Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação, membro do Conselho Consultivo Presidencial para a COP25 e coordenadora do Comité Consultivo Científico para as Alterações Climáticas. Foi autora principal do Quinto Relatório de Avaliação (AR5) e autora coordenadora do Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Faz parte da Red de Chilen@s Creando Futuro de Imagen de Chile pelas suas contribuições para o estudo e acções contra a crise climática.
Natalia Rebolledo
Cofundador e diretor executivo da Fundación Un alto en el desierto, uma organização sem fins lucrativos que procura apoiar indivíduos, organizações e comunidades a desenvolverem estratégias de adaptação à escassez de água através da educação ambiental, da inovação e do desenvolvimento de soluções hídricas de baixo orçamento. Uma paragem no deserto levou à criação da primeira rede de colectores e recicladores de água no Chile. Localizada na Reserva Ecológica de Cerro Grande, em Ovalle, na região de Coquimbo, conta com 28 coletores de neblina que lhes permitem colher uma média de 1.537 litros de água por dia, o equivalente a quase 600.000 litros de água por ano, um dos melhores resultados de coleta de neblina na América do Sul. Natalia é administradora pública pela Universidade do Chile e foi reconhecida pela Fundación Mujer Impacta em 2020.
Rosário Hevia
Fundador e Diretor Executivo da Ecocitex, uma empresa dedicada à eliminação de resíduos têxteis através da produção de lã a partir de vestuário reciclado. Por cada tonelada de roupa reciclada, mitigam o equivalente a 5,8 toneladas de emissões de CO2. Em 2020, a organização foi selecionada como a iniciativa com maior impacto na região através do "Emprender con Impacto", um programa latino-americano de formação e aceleração para o empreendedorismo de triplo impacto organizado pelo Mercado Libre e pela Mayma. Graças ao seu trabalho, conseguiu evitar que toneladas de roupa acabassem em aterros sanitários.
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