Um videojogo passado no ano 2035 que procura salvar um território antártico afetado pelas alterações climáticas e uma "Academia do Clima", que oferece conhecimentos em linha a jovens de toda a América Latina e regista acções ecológicas, são exemplos destas iniciativas.
As crianças e os jovens de hoje terão de lidar com os efeitos mais graves das alterações climáticas nas próximas décadas. É por isso que "a responsabilidade dos cientistas chilenos é tornar o conhecimento acessível a toda a sociedade, especialmente se a vida como um todo estiver em risco", explica Andrea Valdivia, antropóloga social, académica da Universidade do Chile e investigadora do Centro Internacional do Cabo Horn (CHIC).
Segundo Valdivia,"estes grupos são prioritários nos esforços para gerar consciência ambiental, uma vez que vivem etapas fundamentais do desenvolvimento humano para construir ligações de reconhecimento e respeito com o mundo que os rodeia, o que é essencial para mudar a nossa relação com o ambiente". Assim, num ambiente de futuro incerto e de crescente eco-ansiedade, é necessário oferecer aos jovens ferramentas digitais que os aproximem da sustentabilidade e lhes permitam compreender a importância de cuidar do planeta.
Que ferramentas digitais chilenas criam consciência ambiental?
O ideal são conteúdos com informação de qualidade, baseados em evidências científicas e comunitárias, e que sejam plataformas concebidas com uma abordagem educativa. Nesse sentido, Andrea Valdivia destacou como as experiências digitais promovidas por organizações activistas "têm sido fundamentais para dar visibilidade às reivindicações, gerar alianças e promover a participação de outros jovens, além de informar e educar". Segundo a investigadora, entre os casos destacados estão a Academia Climáticas por Tremendas, LCOY Chile, Wechekeche ka Itrofillmongen e Viernes por el Futuro de Chile.
Metaverso Antártico: Um jogo de vídeo educativo
"Metaverso Antártico" é um videojogo produzido pelo laboratório transdisciplinar XR-LABS, em colaboração com o Instituto BASE Millennium, e financiado pelo programa Ciência Pública do Ministério da Ciência. "Criámos um universo narrativo futurista e aberto, onde o explorador constrói as suas próprias reflexões sobre a biodiversidade e o respeito por todos os seres vivos em tempos de alterações climáticas", afirma Víctor Fajnzylber, doutorado em Tecnologia e diretor do XR-LABS na Universidade do Chile.
Neste videojogo, ambientado em 2035, o jogador viaja de Punta Arenas para a ilha imaginária de Molinari, na Antárctida. Aí embarcará numa viagem a pé, aprendendo sobre ecossistemas e mergulho científico, procurando compreender a adaptação das espécies aos efeitos das alterações climáticas e da poluição humana.
A iniciativa contou também com o apoio do Instituto Antártico Chileno (INACH),
Centro Internacional Cabo Horn (CHIC), Museu Territorial Yagan usi - Martín González Calderón, Comité Cultural de Puerto Williams, Instituto Nacional da Juventude (INJUV), Fundação Tremendas, Município de Cerro Navia, ALGA, Serviço Nacional do Património Cultural em Los Ríos e Universidade Austral do Chile (UACh). Se quiser descarregar o jogo, clique aqui.
Academia do Clima para a América Latina
Tremendas, um grupo de cerca de 2.000 raparigas e jovens activistas de toda a América Latina, organiza todos os anos a iniciativa Academia do Clima, um espaço que lhes permite aproximar-se de conteúdos ambientais e desenvolver acções climáticas através de projectos. "As ferramentas digitais ajudaram-nos a quebrar os limites territoriais, trabalhamos muito através de plataformas como o Zoom ou o Google, que nos permitem realizar reuniões síncronas, ligando raparigas de diferentes países", explica Rocío Sancha, diretora executiva do Tremendas.
Além disso, a Academia do Clima tem uma plataforma de ação pessoal, semelhante a uma rede social, que liga os participantes e lhes mostra acções quotidianas que podem ser sustentáveis e amigas do ambiente. Através de um cálculo matemático, a plataforma traduz essas acções em termos de redução de emissões de gases com efeito de estufa. Se quiser saber mais sobre a Academia do Clima, clique aqui.
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