O Chile estabeleceu-se como um destino atrativo para as empresas estrangeiras que procuram expandir-se na América Latina numa vasta gama de sectores. Aqui há uma série de empresas que estão a apostar no Chile, para construir desde a primeira fábrica de reciclagem de pneus do mundo até ao mais moderno centro de dados. Porquê? Descubra com os seus executivos.
O Chile é classificado como o país mais competitivo da região pelo Fórum Económico Mundial; o mais atrativo para o investimento pelo Milken Institute e até o país mais seguro para investir na América Latina, de acordo com a Economist Intelligence Unit. Além disso, é um dos países mais fiáveis da região para fazer negócios, segundo a revista Forbes. Por isso, não é de estranhar que sejam várias as empresas que hoje escolhem o Chile para inovar, expandir e comercializar novos produtos e serviços. Como explicam, entre as principais razões estão regras comerciais claras, uma ampla rede de acordos comerciais, disponibilidade de talento e excelentes condições para a inovação.
Um dos desafios actuais mais prementes é, sem dúvida, o aquecimento global e a necessidade de gerar energias renováveis que nos permitam eliminar a dependência global dos combustíveis fósseis. O Chile tem estado na vanguarda desta questão, devido às suas condições geográficas, mas também devido à sua capacidade de atrair talento. No ano passado, na região de Antofagasta, foi inaugurado o Cerro Dominadora maior central solar térmica da América Latina, com capacidade para abastecer cerca de 380.000 casas e reduzir a emissão de cerca de 640.000 toneladas de CO2 por ano. "O Chile tornou-se um líder na transição energética e na instalação de energias renováveis", afirma Fernando González, CEO da Cerro Dominador. "Estamos localizados no deserto com a melhor radiação do mundo e acreditamos que é uma boa aposta para continuar a trabalhar em energias renováveis no país", acrescenta.
Ainda em termos de sustentabilidade, uma iniciativa inédita está a decorrer na mesma região de Antofagasta, em Bahia Verde, onde a Michelin construiu a primeira fábrica de reciclagem de pneus de mineração do mundo, da empresa francesa. "O Chile é um país com um ambiente empresarial saudável e políticas económicas sólidas. É um país que acredita na sustentabilidade, tal como nós, e é por isso que, enquanto empresa, decidimos construir aqui a nossa primeira fábrica de reciclagem de pneus do mundo", afirma Carla Allende, diretora de marketing da Michelin para o Chile, Peru e Bolívia. Quando estiver totalmente operacional, o centro terá capacidade para reciclar 30.000 toneladas de pneus de mineração em fim de vida por ano.
O Chile também se posicionou como um íman para as empresas tecnológicas. Em 2020, a empresa americana Microsoft anunciou seu plano "TransformaChile #ReactivaciónDigital", um projeto que visa construir uma região de centros de dados no país e gerar 51.000 empregos em quatro anos. "Reforçamos o nosso compromisso a longo prazo com o país, anunciando o nosso investimento mais significativo em território nacional, que visa contribuir para o desenvolvimento e promover a recuperação económica do país", afirma Sergio Rademacher, diretor-geral da Microsoft Chile. Outra empresa de tecnologia que está fortemente comprometida com o Chile é a Oracleque, depois de abrir o seu primeiro centro de dados no país em 2020, anunciou no ano passado a construção de um segundo, e o seu diretor executivo afirmou que o Chile está destinado a tornar-se um centro de desenvolvimento tecnológico.
No mesmo sector, a também americana Evernote, que permite capturar, armazenar e sincronizar ficheiros, anunciou em 2019 a instalação no Chile do seu primeiro centro de desenvolvimento de software fora dos Estados Unidos. "Em 2019, iniciámos um centro de desenvolvimento no Chile por duas razões: disponibilidade de talento e regras de negócio simples, claras e consistentes. Até agora, empregámos mais de 60 pessoas e esperamos continuar a crescer em 2022", diz Francisco Mardones, diretor executivo da Evernote para o Chile. "As empresas de tecnologia estão constantemente à procura de talentos e a Evernote não é exceção", acrescenta.
A alimentação saudável também se revelou atractiva para os investidores estrangeiros. Um exemplo é a The Live Green Co, uma empresa que, com base num algoritmo chamado Charaka, nos permite substituir aditivos químicos em produtos que consumimos habitualmente por substitutos à base de plantas, bem como produzir embalagens 100% degradáveis. A sua criadora, a empresária indiana Priyanka Srinivas, decidiu fundar a sua empresa no Chile e não no seu país natal. "Muitas vezes perguntam-me por que o Chile? Acredito que o Chile desempenhou um papel fundamental no sucesso da The Live Green Co", diz Srinivas, explicando que isso se deve a várias razões: "O mercado chileno comporta-se de forma muito semelhante a países desenvolvidos como os Estados Unidos, pelo que é um mercado incrível para testar, aprender e comercializar a sua ideia antes de se tornar global. Em segundo lugar, os acordos comerciais com mais de 60 países e organizações como o ProChile e o InvestChile, que ajudam efetivamente a abrir estas portas. Por último, o apoio de instituições governamentais como a Corfo e a Startup Chile", acrescenta. Por fim, diz que o mais importante são as pessoas no Chile, que são extremamente abertas a novas ideias, tecnologias e estilos de vida.
Também a multinacional Nestlé tem atualmente 80 marcas em 12 categorias, e continua a crescer. "Continuamos a procurar novas oportunidades para operar no país. Um exemplo disso é a recente aquisição do chocolate fino La Fete, uma marca 100% chilena, porque esperamos continuar a expandir a nossa presença e o nosso compromisso com os chilenos", afirma Andrés Eyzaguirre, diretor de assuntos corporativos da Nestlé no Chile.
Também no sector do grande consumo, a multinacional Unilever opera no Chile há quase um século através das suas várias marcas. "O Chile é um país inovador, por isso escolhemo-lo e apostamos nele como centro de testes para muitos dos nossos produtos a nível mundial. É um país em crescimento e com uma consciência ambiental cada vez mais relevante", afirma Nuria Hernandez, country manager da Unilever Chile.