O fenómeno astronómico de 4 de dezembro será o segundo documentado a partir do Continente Branco, e não voltará a ocorrer até 2039.
Os investigadores da Universidade do Chile que estudarão o eclipse solar total que será visível este 4 de dezembro na Antárctida às 04:00 horas do Chile continental já estão instalados na Estação Polar Científica Conjunta Glaciar Unión. A equipa é liderada pelo astrofísico chileno Patricio Rojo e é também composta pelo doutor em Ciências Atmosféricas René Garreaud e pela estudante de doutoramento Nitya Pandey.
Os cientistas levaram instrumentos astronómicos para o terreno para obter um bom registo do fenómeno, que durará cerca de duas horas, mas o tempo total de cobertura será de 46 segundos. Câmaras, lentes, espectrógrafos e sensores atmosféricos registarão o acontecimento, que só voltará a ocorrer em 2039.
Patricio Rojo, doutorado em Astrofísica e diretor do Departamento de Astronomia da Universidade do Chile, é um dos três chilenos a quem foi dado o nome de um asteroide. Este grupo restrito é composto por Mario Hamuy e José Maza, ambos galardoados com o Prémio Nacional de Ciências Exactas. Pato Rojo diz que este será o quinto eclipse solar total que presenciará. Ele esteve em Xangai em 2009, na Ilha de Páscoa em 2010, em Coquimbo em 2019 e em La Araucanía em 2020.
"Em 2003 foi a primeira expedição a observar um eclipse a partir da Antárctida e a efetuar medições ao nível do solo. Até à data, não se registaram outros eclipses na região, pelo que esta será a segunda oportunidade para medir e recolher dados atmosféricos. Vamos com instrumentos e sensores para fazer medições a diferentes alturas acima do nível do solo", diz o astrónomo.
A particularidade de medir o eclipse solar total a partir da Antárctida realça o valor do território antártico para a ciência numa multiplicidade de disciplinas, incluindo, neste caso, a astronomia. O Instituto Antártico Chileno (Inach) realiza expedições anuais às bases antárcticas para realizar diversos estudos científicos e posicionar o território polar como um laboratório natural para o estudo das alterações climáticas.
"O aquecimento global ocorre principalmente nas regiões polares. Há um derretimento superficial do gelo", explica Marcelo Leppe, diretor do Inach. Por meio de expedições científicas, a organização busca incentivar o desenvolvimento de pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação na Antártica, além de promover a Região de Magalhães como porta de entrada para o Continente Branco e disseminar o conhecimento sobre assuntos antárticos para o público em geral.