07 de abril de 2025 #Chile país das mulheres

Gabriela Mistral: 80 anos depois do Prémio Nobel que imortalizou um poeta universal

A primeira latino-americana a receber o Prémio Nobel da Literatura foi muito mais do que uma poetisa excecional. Gabriela Mistral deixou uma marca indelével na educação, na diplomacia e na defesa dos direitos humanos. Hoje, no dia do seu aniversário e oito décadas após o seu histórico prémio, recordamos o seu impacto global.

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gabriela mistral

Lucila de María Godoy Alcayaga, mais conhecida como Gabriela Mistral, ultrapassou as fronteiras da literatura para se tornar uma figura relevante na história cultural e social da América Latina. A sua obra poética, reconhecida com o Prémio Nobel em 1945, consolidou-a como uma das vozes mais influentes do século XX. Mas o seu legado vai muito além da literatura: como professora, diplomata e ativista, trabalhou incansavelmente em prol da educação, da igualdade de género e dos direitos das crianças em vários países.

Uma voz universal para a literatura latino-americana

10 de dezembro de 1945, Gabriela Mistral foi a primeira latino-americana a receber o Prémio Nobel da Literatura, atribuído pela Academia Sueca pela "sua obra lírica que, inspirada por emoções fortes, fez do seu nome um símbolo das aspirações idealistas de todo o mundo latino-americano".

Após a cerimónia de entrega do prémio, no seu discurso, a chilena afirmou: "Por uma sorte que me ultrapassa, sou neste momento a voz direta dos poetas da minha raça e a voz indireta das nobilíssimas línguas espanhola e portuguesa. Ambas se regozijam por terem sido convidadas para o convívio da vida nórdica, toda ela assistida pelo seu folclore e poesia milenares".

Entre o seu vasto repertório de obras, "Desolación" (1922), por exemplo, é o seu primeiro grande livro, que a catapultou como uma referência na poesia latino-americana. Mais tarde, escreveu "Ternura" (1924), em que abordou temas de amor materno e poesia infantil. Finalmente, em 1954, publicou "Lagar", a sua última obra, que foi amplamente reconhecida pelo mundo literário. Este último aborda temas como a morte, a religião e a dor pessoal. Para muitos críticos, foi a obra culminante da escritora.

A sua carreira diplomática

Para além do seu legado literário, Gabriela Mistral desempenhou um papel fundamental na diplomacia chilena, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo de cônsul em países como o Brasil, Espanha, Portugal e Itália.

Em cada uma destas viagens, conseguiu conciliar o seu trabalho de cônsul com a sua paixão pela literatura, participando ativamente em encontros culturais e estabelecendo amizades com vários escritores contemporâneos, como os venezuelanos Rómulo Gallegos e Teresa de la Parra, o mexicano Alfonso Reyes e a argentina Victoria Ocampo, entre outros.

O seu ativismo levou-a a participar em vários fóruns e eventos internacionais, onde defendeu a educação e a proteção dos direitos das crianças, tendo sido nomeada, em 1920, conselheira do Instituto Internacional de Cooperação Intelectual, uma organização da Sociedade das Nações.

Anos como professor

Embora a escritora não tivesse formação profissional como professora, Mistral era conhecida pela sua abordagem inovadora à educação, destacando-se por motivar os alunos com o seu calor e sensibilidade. Muitos dos seus métodos procuravam transmitir valores humanos, promover o pensamento crítico e desenvolver uma ligação profunda com a literatura e a natureza.

Em 1922, foi contratada pelo Ministro da Educação do México, José Vasconcelos, para conceber um novo sistema educativo que se centrasse no desenvolvimento das zonas rurais. Tanto ela como as suas fontes próximas indicaram que esta foi uma das suas tarefas mais significativas durante a sua vida.

Desta forma, Gabriela Mistral conseguiu combinar o seu talento para as letras com uma carreira excecional no domínio diplomático, o que lhe permitiu promover e reforçar a imagem do Chile no mundo, até aos dias de hoje.

Chile celebra Gabriela

No próximo dia 7 de abril, no âmbito do seu 136º aniversário, começam oficialmente as actividades de comemoração do 80º aniversário do Prémio Nobel. Esta celebração convida os cidadãos a honrar o seu legado em todas as suas dimensões: a sua obra literária, o seu impacto na educação latino-americana, a sua luta pela equidade e pelos direitos humanos, bem como a sua faceta mais humana e política.

Para o efeito, foi criado um comité consultivo transversal com representantes de vários sectores, reafirmando a relevância da sua figura. O Ministério da Cultura destaca esta comemoração como uma oportunidade para revitalizar a sua presença na vida cultural do país e convida-o a participar nas actividades em www.gabrielamistral80.cl, onde também pode encontrar material de arquivo, vídeos e visitas virtuais.

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