May 27, 2025 #Chile Diverso #Chile país de mulheres #Cultura

Wendy Pozo: "Vestiria o Chile com uma alfaiataria elegante e moderna que reflectisse a sua alma diversificada".

A estilista chilena (46 anos), que já vestiu figuras como Pedro Pascal e a rapper Ana Tijoux, diz que as suas criações procuram "refletir a força, a versatilidade e a profundidade emocional da mulher chilena".

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Foi através da música e do estilo do guarda-roupa das suas bandas favoritas que Wendy Pozo, 46 anos, se interessou pelo mundo do design e da alfaiataria. Esse caminho que escolheu como carreira profissional levou-a a mostrar as suas criações em eventos internacionais como o recente Festival de Cinema de Cannes. Além disso, em 2023, foi nomeada uma das 100 pessoas mais inovadoras da América Latina, segundo a Bloomberg.

"O meu trabalho projecta o Chile como um país que não exporta apenas matérias-primas, mas também ideias, arte e design com profundidade", diz Wendy Pozo.

A origem de uma paixão pelo design

Como começou o seu interesse pela moda e qual foi o momento chave que o levou a decidir fazer dela a sua carreira?

O meu interesse pela moda nasceu através da música. Sempre me inspirei nos estilos das minhas bandas favoritas e comecei a tentar replicar ou adaptar as roupas que via nelas. Mas percebi que não existia exatamente o que eu imaginava e comecei a transformar o que tinha à mão. Foi nesse processo - entre a procura, a experimentação e a necessidade de criar algo próprio - que soube que esta não era apenas uma paixão, mas o meu percurso profissional.

De que forma considera que o seu trabalho como designer reflecte a identidade da mulher chilena?

Comecei no mundo do design a partir da alfaiataria e da roupa de homem. A partir daí, aprendi a valorizar a estrutura, o pormenor e a precisão e, com o tempo, comecei a transferir esses códigos para o vestuário feminino. Foi um processo muito orgânico, porque vi como muitas mulheres - especialmente as chilenas - procuravam expressar força sem perder a sensibilidade, elegância sem sacrificar o conforto ou a identidade.

O meu trabalho reflecte a mulher chilena que aprendeu a mover-se entre o tradicional e o contemporâneo, que carrega a história na sua pele, mas também questiona e transforma. Procuro refletir a força, a versatilidade e a profundidade emocional da mulher chilena. Há uma mistura única em nós: somos resilientes, criativas, muitas vezes silenciosas, mas intensamente poderosas. Cada peça de roupa que crio tem algo de história, de memória e também de projeção: porque acredito em vestir mulheres que não só querem estar bonitas, mas também querem sentir-se representadas e com poder.

Projetar o Chile através do design

Como pensa que a sua proposta contribui para projetar a imagem do Chile a nível internacional?

Levar peças feitas no Chile para as passerelles internacionais é uma forma de dizer: aqui também há talento, visão e artesanato. O meu trabalho projecta o Chile como um país que não exporta apenas matérias-primas, mas também ideias, arte e design com profundidade. Neste caso, não só as passarelas, mas também os festivais de cinema como Cannes, o Museu do Prado, etc. Através de cada peça procuro tornar visível a força criativa que existe no nosso país, evidenciando uma estética com carácter próprio, mas capaz de dialogar com o que se faz no mundo. Mas sempre com a visão de cada pessoa que visto.

Se pudesse vestir o Chile como um país para uma passarela internacional, como seria essa roupa?

O Chile não seria um look estático, seria uma metamorfose constante, como as suas estações. Uma roupa que se transforma à medida que avança na passerelle, mostrando a diversidade, a resiliência, a beleza e a força do nosso país.

Vestiria o Chile com uma nova alfaiataria elegante e moderna, que reflectisse a sua alma diversa e contrastante. Um fato com linhas limpas e poderosas, com cores que falam da nossa paisagem: ocre do deserto, verde da floresta, turquesa do Pacífico. O cobre nos pormenores, os têxteis com história e uma silhueta que mistura força e sensibilidade. Seria um look que caminha com identidade, mostrando que o Chile é raízes, evolução e beleza em constante movimento.

Se a sua próxima coleção fosse inspirada num lugar pouco convencional do Chile (um deserto, uma floresta, uma festa tradicional), qual seria e porquê?

Inspirar-me-ia no gelo, na Antárctida chilena. Aquele branco puro de gelo milenar, aquele silêncio profundo no fim do mundo, alucina-me. Há algo de sagrado no amanhecer naquele frio, com os tons do sol a tingir a paisagem de rosas, dourados e azuis pálidos. É uma beleza que não grita, que se impõe a partir da quietude. Daí nasceria uma coleção etérea, minimalista e elegante, como se cada peça de roupa respirasse esse ar limpo e eterno.

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